Companhia do Miolo
A trajetória artística da CIA do Miolo vem
sendo, desde sua fundação, norteada pelo desejo de provocar o encontro. Foi a partir desta necessidade que surgiu a decisão
primeira: a opção pela Rua
Compreendemos a Rua como o espaço público fértil e
propício para o encontro, tanto estética quanto politicamente. Neste sentido,
entendemos que o teatro pode criar fissuras, nestas ruas “de passagem”, gerar
poesia e resistência que restabeleçam seu sentido de encontro, reflexão,
sensibilização, troca e expressão.
Assim o percurso da CIA partiu de uma pesquisa sobre o
teatro popular e em 2003, leva para as ruas de São Paulo “O Burguês Fidalgo”,
de Moliére, com direção de Bete Dorgan. Neste período inicial de relação com o
público e o espaço da Rua, emergiu a necessidade de aprofundar um treinamento e
a pesquisa de uma linguagem corporal que pudesse dialogar com estes espaços
urbanos. Em 2004 com a montagem de “O Doente Imaginário”, também de Moliére, a
CIA aprofunda seu trabalho intensificando a pesquisa sobre as possibilidades
expressivas do corpo na rua, desenvolvendo uma sistemática de treinamentos
voltados para lapidar o corpo como material expressivo elementar do encontro
teatral.
A diretora convidada para esta montagem, Cuca
Bolaffi, contribuiu imensamente, com a sua experiência da escola Le Coq,
com o aprofundamento da investigação corporal para a rua. Ainda com esta
diretora a CIA montou o espetáculo infantil “É de cantar e de brincar”, dando
sequencia assídua ao treinamento físico (tônus, ritmo, impulsos, qualidade de
movimento, orientação no espaço, oposições, peso e etc...). Em 2006, com um
projeto contemplado pela Lei de Fomento ao Teatro, a CIA desenvolve uma pesquisa
aprofundada sobre urbanismo e formação da cidade buscando, nas personagens da
rua, sua dramaturgia, desenvolvida dentro de um alargamento histórico e através
de uma narrativa fragmentada, constituindo uma espécie de caleidoscópio - que
possibilitou ao espectador a apreensão de uma totalidade da cidade, por meio de
uma coleção de flashes como num álbum de fotografias.
O espetáculo resultante dessa pesquisa, “Ao Largo da
Memória”, foi dirigido por Fábio Resende. Em 2008 também sob a direção de Fabio Resende e já
iniciando sua investigação da cidade como cenário, a CIA realiza a montagem
“Alice! Uma adaptação urbana da obra de Lewis Carroll”, trabalho que recortava
espaços da rua como cenário e provocação de uma dramaturgia.
Em 2009, aprofundando a pesquisa dos espaços, dentro do
projeto “Poética da cidade” contemplado pela Lei de fomento ao Teatro, realiza
a montagem “Amores no meio-fio” sob a direção de Gustavo Kurlat. Esta montagem
criada nas escadarias da Ladeira da Memória (Vale do Anhangabaú) traz o espaço
como cenário e nos permite por fim descobrir um modo muito particular de
praticar a cidade.
Os diversos espaços públicos da cidade são para a CIA do
Miolo o canal mais propício para o encontro contemporâneo, desta forma,
ampliando ainda mais a pesquisa, em 2011 é contemplada novamente pela Lei de
Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo com o projeto “Linha Vermelha”,
resultando no espetáculo “Taiô”, indicado ao Prêmio CPT 2012, realizado pela
Cooperativa Paulista de Tetro na categoria: trabalho apresentado em rua.
O espetáculo Relampião surgiu da junção da Cia do Miolo e a Cia Paulicéa de
Teatro para revisitar as histórias de Lampião – O mito do cangaço e
aproximá-las das questões cotidianas de nosso tempo. O que há em comum entre a
luta do cangaço e as lutas pela vida na contemporaneidade? Os grupos utilizando
suas experiências de rua apostam, pois, em uma caatinga de concreto, em
múltiplos Lampiões e Marias Bonitas revelados na dramaturgia deste espetáculo.
Em Taiô a Cia do Miolo investiga a possibilidade da
construção de asas, enquanto metáfora da potencialidade humana. Música e poesia
se encontram para ressoar a voz de um povo-pombo cansado de migalhas no chão
que descobre suas asas para tentar alçar longos vôos. O espetáculo inicia-se
com cenas quânticas em que as figuras/atores dirigem-se a uma pessoa ou a
pequenos grupos e ali dialogam, apresentam suas questões, convidam o
espectador.
Voar como pipas, que desbicam ao sabor do vento e que, mesmo “taiados”, resurgem novos e coloridos neste imenso lençol azul que é o céu. Homem, bicho, criança, mulher, passarinho, juntados de pedaços, caminham em busca do sol.
Voar como pipas, que desbicam ao sabor do vento e que, mesmo “taiados”, resurgem novos e coloridos neste imenso lençol azul que é o céu. Homem, bicho, criança, mulher, passarinho, juntados de pedaços, caminham em busca do sol.
No mesmo ano, a Cia. do Miolo une-se à Cia Paulicea e
são contempladas com o ProAC (Programa de Ação Cultural) ICMS para montagem e
circulação do espetáculo “Relampião”, que estreou em 24 de setembro de 2012 com apresentações na
capital e interior de São Paulo. Atualmente o grupo circula com seus espetáculos por
Festivais, Sescs, praças e ruas do nosso país.
ESPETÁCULO APRESENTADOS NO INTECÂMBIO
"RELAMPIÃO“
O Espetáculo de Rua RELAMPIÃO tem como foco
ocupar o espaço público artisticamente, ressignificando seus espaços de fluxo
cotidiano e colocando o cidadão em relação ativa com a obra teatral. A peça
parte do mito de Lampião para revelar os múltiplos Lampiões que
cruzamos diariamente em nossas cidades, gente comum que luta para sobreviver em
meio a tantas desigualdades.
O mito do cangaço no qual a peça RELAMPIÃO se
inspirou revela muitos traços da cultura e da própria história do Brasil. A
linguagem do espetáculo, dramaturgia, figurinos, músicas foram criadas a partir
de uma pesquisa voltada para a Cultura Popular Brasileira: o cavalo
marinho, o samba, as carrancas de São Francisco, os tipos populares
do Brasil.
"O DOENTE IMAGINÁRIO"
O que se vê, a seguir, é uma seqüência de confusões,
onde os pequenos conflitos sociais vêm à tona por meio de uma lente de aumento
que persegue cada ação dos personagens.
Mentiras, intrigas, desejos de poder, dissimulação e
ganância ratificam a atualidade do texto e confirmam a relevância para a
encenação desta comédia nos dias de hoje, que faz rir, pensar e privilegia
nosso personagem principal: O Público!!!!!
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